quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
ADIANTE!!!
a cada manhã
renovo a esperança
palavra por palavra
no amor renasço
e cresço
REZENDE
foto: reflexo de luz da manhã em ponta de broto orvalhado / rezende
domingo, 2 de dezembro de 2007
EU, COM MEUS PRÓPRIOS PÉS DE BARRO
Eu, com meus próprios pés de barro
Cruzava então os continentes assombrados
Inclemente ao clamor dos elementos
Colhia flores para os meus heróis avaros
Meus iguais que dormiam sob a chuva
E nas copas das árvores que eu vergava
Benditos frutos entre sementes vegetando
Ásperos como a voz que os embalava.
Eu, como meus próprios pés de barro
Devastava as antigas tribos insulares
Devorando raízes e mitos sagrados
Congelando e tatuando a alma dos bravos
E dos sábios em moedas de ouro roubadas
Para forjar um país de amotinados.
Esse sonho era minha febre, e eu soprava
Como um deus exasperado sobre os vivos
O sopro que a mim mesmo eu recusava.
Eu, com meus próprios pés de barro
Regia esse escarcéu que me exilava
Mas o que era eu nesse tempo inventado?
O que impedia a queda tão esperada?
Eu queria acordar no meio da tarde
Ouvindo sons de risos ou de flautas
Que aplacassem a lenda onde eu reinava
Que revogasse a pena desses homens
plantas e bichos aos meus pés
Mas o barro do poema me enterrava.
FERNANDO ABREU
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
terça-feira, 13 de novembro de 2007
sábado, 10 de novembro de 2007
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
A ponte
sem água
exibe os
fundos do mar
Vai zio
um ônibus
atrás versa
imagens cotidianas
No foi-se
do sol
a lua
espera a sua vez
E
por acaso
contemplas
a fina tarde
e meus alardes de adeus
GARRONE
raimundogarrone@uol.com.br
Garrone é jornalista, curte estrada e arrisca uns versos.
Foto: panorâmica do Rio Anil na maré baixa em São Luís - MA. / Rezende
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
ORAÇÃO PELA AMNÉSIA
talvez
o que me escape
seja o que mais salte
em mim
sabe lá
se o que eu não veja
reze pelos meus cantos
assim seja
portanto
o que me fuja da memória
à revelia
revele minha história
que nem eu saiba mais enfim
se sou eu que ando por aí
em carne osso coração e mente
ou se é meu fantasma demente
rindo de todo mundo
e de mim
FERNANDO ABREU
------
Poema do livro Relatos do Escambau
Musicado por Chico César
Foto: um auto-retrato / Rezende
escambau@hotmail.com
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
MANTENHA DISTÂNCIA
A poesia é uma droga alucinatória
mais forte que o LSD e o poder.
Só deve ser usada contra o real.
Causa ao viciado - deliriuns tremens,
desprezo da sociedade & a pena capital.
Perigo. Perigo. Perigo.
Mantenha distância do poema.
Evite o primeiro verso.
LUIS AUGUSTO CASSAS
Poema do livro ROSEBUD, 1990.
Cassas é poeta dos bons e tem um patuá de livros publicados
mais forte que o LSD e o poder.
Só deve ser usada contra o real.
Causa ao viciado - deliriuns tremens,
desprezo da sociedade & a pena capital.
Perigo. Perigo. Perigo.
Mantenha distância do poema.
Evite o primeiro verso.
LUIS AUGUSTO CASSAS
Poema do livro ROSEBUD, 1990.
Cassas é poeta dos bons e tem um patuá de livros publicados
terça-feira, 30 de outubro de 2007
GILSON CÉSAR
feição
ou cara
ou cara
meu verso
é confissão
coisa que se escancara
Palhaço, todo alma e expressão, ele faz mímica como quem
arquiteta versos. Seus gestos são como imã que prendem o
olhar da gente. Este bar dos bardos é fã de seus poemas mudos,
que falam pela explosão do riso do respeitável público.
Poema: Rezende / Foto: Divulgação
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
poste aceso no
saara.
a sombra
sozinha
de uma nuvem
ilhada
no meio da água.
pra você disseram
cuidado
e o tipo de coisa
que você aprende é assim
:
desconfiar do susto. evitar o soluço do assalto.
tomar os remédios antes e perguntar
depois.
pra você disseram
como evitar
sem sair de casa a
solidão (poste aceso no saara. sombra
sozinha
de uma nuvem ilhada
no meio da água.)
e todos os seus
dias agora são assim
:
sol se pondo
sobre os créditos do filme da sessão
da tarde.
óculos escuros em todas as
fotografias do álbum,
dissimulando seus olhos ancestrais,
seus olhos mais
caninos
cravados outrora
na estrela mais nova e mais
solitários
que a morte.
REUBEN DA CUNHA ROCHA
saara.
a sombra
sozinha
de uma nuvem
ilhada
no meio da água.
pra você disseram
cuidado
e o tipo de coisa
que você aprende é assim
:
desconfiar do susto. evitar o soluço do assalto.
tomar os remédios antes e perguntar
depois.
pra você disseram
como evitar
sem sair de casa a
solidão (poste aceso no saara. sombra
sozinha
de uma nuvem ilhada
no meio da água.)
e todos os seus
dias agora são assim
:
sol se pondo
sobre os créditos do filme da sessão
da tarde.
óculos escuros em todas as
fotografias do álbum,
dissimulando seus olhos ancestrais,
seus olhos mais
caninos
cravados outrora
na estrela mais nova e mais
solitários
que a morte.
REUBEN DA CUNHA ROCHA
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
LUNDI MATIN
le soleil eclaire
l'immensité
du monde
et incendie
mon coeur
vagabond
Tradução de Elisabeth Delquignie para o poema
MANHÃ DE SEGUNDA, de Antonio Rezende
Poema do livro ACERTO DE CONTAS
já publicado no bar dos bardos em 2 de junho de 2007.
Para vê-lo em português clique aqui
sábado, 6 de outubro de 2007
O PARTO
Meu corpo está completo, não o homem – o poeta.
Mas eu quero e é necessário
que me sofra e me solidifique em poeta,
que destrua desde já o supérfluo e o ilusório
e me alucine na essência de mim e das coisas,
para depois, feliz ou sofrido, mas verdadeiro,
trazer-me à tona do poema
com um grito de alarma e de alarde:
ser poeta é duro e dura
e consome toda
uma existência.
Poema do livro CAMPO SEM BASE
Mais sobre Nauro Machado aqui
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
DISCRIMINAÇÃO
niggers um após o outro vários
spics além de jews cada vez mais
mobsters podiam ser menos
wasps entre tantos
white trashes em excesso inúmeros ou quase
baianos a perder de vista inclusive
cucarachas centenas deles ainda assim
japas aos montes já é demais
turcos
paraíbas
e assim por diante
CELSO BORGES
---
Celso Borges tem vários livros de poemas, entre eles o livro-CD MÚSICA
Foto: no metrô / rezende
spics além de jews cada vez mais
mobsters podiam ser menos
wasps entre tantos
white trashes em excesso inúmeros ou quase
baianos a perder de vista inclusive
cucarachas centenas deles ainda assim
japas aos montes já é demais
turcos
paraíbas
e assim por diante
CELSO BORGES
---
Celso Borges tem vários livros de poemas, entre eles o livro-CD MÚSICA
Foto: no metrô / rezende
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
NA ORDEM DO DIA
A chuva se arma em volume azul.
Escorro pelas ruas
meu sentimento blues.
Porque chove,
a água impílicita me comove
e me encharca de poesia.
Motivo vertical
na ordem do dia.
GILSON CAVALCANTE
------
Gilson Cavalcante tem alguns livros publicados, entre eles REINVENTÁRIO DA PAISAGEM e POEMAS DA MARGEM ESQUERDA DO RIO DE DENTRO.
gicante@bol.com.br
gicante@bol.com.br
Foto: na chuva / rezende
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
AFECÇÃO HABITUAL
verdadeiro ou mentiroso
tímido ou venenoso
estou contigo e ouso
ser dos lados o elo
dos feios o belo
ANTONIO CARLOS ALVIM
Alvim é poeta maranhense
tímido ou venenoso
estou contigo e ouso
ser dos lados o elo
dos feios o belo
ANTONIO CARLOS ALVIM
Alvim é poeta maranhense
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
terça-feira, 18 de setembro de 2007
SÃO LUÍS EM P&B
Sempre achei que fotografia é o poema que se faz com luz e sombra, a partir da sacação silenciosa do olhar atento.
Divido com vocês a descoberta do site do Anilson, que retrata muito bem a centenária São Luís do Maranhão, em preto e branco.
www.anilson.com.br
sábado, 8 de setembro de 2007
Nada vos oferto
além destas mortes
de que me alimento
Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão
Aqui se inicia
uma viagem clara
para a encantação
Fonte. flor em fogo,
que é que nos espera
por detrás da noite?
Nada vos sovino:
com a minha incerteza
vos ilumino
FERREIRA GULLAR
---
Quarto poema da série "poemas portugueses", do livro A LUTA CORPORAL
além destas mortes
de que me alimento
Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão
Aqui se inicia
uma viagem clara
para a encantação
Fonte. flor em fogo,
que é que nos espera
por detrás da noite?
Nada vos sovino:
com a minha incerteza
vos ilumino
FERREIRA GULLAR
---
Quarto poema da série "poemas portugueses", do livro A LUTA CORPORAL
Foto: que chama te anima? / rezende
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
DEMORA DEFINIDA
A poesia em mim
Sendo o que me minta
Nunca tem fim
Sempre foi assim
Tudo em mim ela grita
Nunca foi só escrita
Criou em mim até cripta
Túmulo dentro em mim
Sempre foi assim
A poesia em mim
Sendo o que me minta
Criou dartros na alma
Deixou rastros de alma
Em mim
E de mim
Sempre foi assim
A poesia em mim
Sendo o que me minta
Escreve-se assim:
Poesia até o fim...
ANTONIO CARLOS ALVIM
Sendo o que me minta
Nunca tem fim
Sempre foi assim
Tudo em mim ela grita
Nunca foi só escrita
Criou em mim até cripta
Túmulo dentro em mim
Sempre foi assim
A poesia em mim
Sendo o que me minta
Criou dartros na alma
Deixou rastros de alma
Em mim
E de mim
Sempre foi assim
A poesia em mim
Sendo o que me minta
Escreve-se assim:
Poesia até o fim...
ANTONIO CARLOS ALVIM
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
CONTEMPLO O TEMPO
contemplo o tempo
que já não me sobra
há dentro um templo
só de deuses mortos
de quanta fé fez-se
a ruína dessa obra?
acaso este deserto
que me encara
recebe de volta
outra miragem?
será que a sede
deste agreste
inundará de ventos
meus nordestes
apagando
meus rastros rostos
restos?
eu que já fui rês
pra toda corda
eu que já fui punhal
pra todo cabra
eu que já fui pau
pra toda cobra
o que serei
após esse deslinde?
coisa livre de fim
areia aos montes
disseminando dunas
e baías
finíssima lâmina
a teus pés
se contemplas o mar
e sonhas dissolver-te
nessa esfera
súbito
grão de areia
ao vento
turva a cena
e te desperta
prazer
de me afogar
nesse dilúvio
subatômico
-lágrima irritada
que teu olho verte
FERNANDO ABREU
foto: Rezende
que já não me sobra
há dentro um templo
só de deuses mortos
de quanta fé fez-se
a ruína dessa obra?
acaso este deserto
que me encara
recebe de volta
outra miragem?
será que a sede
deste agreste
inundará de ventos
meus nordestes
apagando
meus rastros rostos
restos?
eu que já fui rês
pra toda corda
eu que já fui punhal
pra todo cabra
eu que já fui pau
pra toda cobra
o que serei
após esse deslinde?
coisa livre de fim
areia aos montes
disseminando dunas
e baías
finíssima lâmina
a teus pés
se contemplas o mar
e sonhas dissolver-te
nessa esfera
súbito
grão de areia
ao vento
turva a cena
e te desperta
prazer
de me afogar
nesse dilúvio
subatômico
-lágrima irritada
que teu olho verte
FERNANDO ABREU
foto: Rezende
sábado, 18 de agosto de 2007
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Cresce o homem com tudo que cresce
e se acrescenta Pedro com seu rio,
com a árvore que sobe sem falar
por isso minha palavra cresce
e cresce:
vem daquele silêncio com raízes,
dos dias do trigo,
daqueles germes intransferíveis,
da água extensa,
do sol cerrado sem seu consentimento,
dos cavalos suando na chuva.
e se acrescenta Pedro com seu rio,
com a árvore que sobe sem falar
por isso minha palavra cresce
e cresce:
vem daquele silêncio com raízes,
dos dias do trigo,
daqueles germes intransferíveis,
da água extensa,
do sol cerrado sem seu consentimento,
dos cavalos suando na chuva.
---
Poema XIII do livro AINDA, de PABLO NERUDA
Foto: Manuel Raphael (http://www.olhares.com/manraphael)
terça-feira, 3 de julho de 2007
domingo, 24 de junho de 2007
sábado, 23 de junho de 2007
quinta-feira, 21 de junho de 2007
O SILÊNCIO DOS POETAS
antes de mim antes de ti
tu és eu sou
os nomes do mundo
o nosso motor
dentro de mim dentro de ti
não sei quem és não sei quem sou
os olhos são outros
é outro o ator
assim, o que eu vejo o que tu vês
não é antes não é depois
é o tempo parado
um sonho além dos dois
um dois três quatro
seguimos olhando um outro retrato
moldura descontínua
comida fora do prato
mas continuamos a falar
um aqui outro lá
da química louca, lugar de outro lugar
e caminhamos enfim
tu contigo eu comigo
procurando cada um o centro do outro
cara a cara o nosso umbigo
- mundo mudo -
construindo a nós mesmos pela segunda vez
tu a ti e eu a mim
tu em ti eu em mim
até que morra um de nós e depois o outro
tu és eu sou
os nomes do mundo
o nosso motor
dentro de mim dentro de ti
não sei quem és não sei quem sou
os olhos são outros
é outro o ator
assim, o que eu vejo o que tu vês
não é antes não é depois
é o tempo parado
um sonho além dos dois
um dois três quatro
seguimos olhando um outro retrato
moldura descontínua
comida fora do prato
mas continuamos a falar
um aqui outro lá
da química louca, lugar de outro lugar
e caminhamos enfim
tu contigo eu comigo
procurando cada um o centro do outro
cara a cara o nosso umbigo
- mundo mudo -
construindo a nós mesmos pela segunda vez
tu a ti e eu a mim
tu em ti eu em mim
até que morra um de nós e depois o outro
.
CELSO BORGES
---
Poema escrito a partir de um texto do poeta e semiólogo português Alberto Pimenta. Os trechos em itálico são de sua autoria. Do livro-cd MÚSICA, que mistura poesia e som e reúne cerca de 50 artistas brasileiros. Mais informações: cbpoema@uol.com.br
quinta-feira, 7 de junho de 2007
AGRURAS DA LATA D'ÁGUA
Se nós fosse lata d’água
Nós vivia impariado
Pingando pingos de amor.
E meu deus por funileiro
Com tesoura, brasa e solda
Querendo fazer de nós
Um bonito aguador.
Nós vivia impariado
Pingando pingos de amor.
E meu deus por funileiro
Com tesoura, brasa e solda
Querendo fazer de nós
Um bonito aguador.
A lata d’água chega no interior
Embalando o querosene.
E na velocidade de Herodes pra Pilatos
Vai mudando de formato.
Agruras da lata d’água
É a própria lata d’água
Falando de sua vida...
E eu que fui injeitada
Só porque era furada.
Me botaram um pau na boca
Sabão grudaram nos furo
Me obrigaram a levar água
Muitas vezes pendurada
Muitas vezes num jumento
Era aquele sofrimento
As juntas enferrujadas
Fiquei com o fundo comido
Quando pensei que tivesse
Minha batalha cumprido
Um remendo me fizeram:
Tome madeira no fundo.
E tome água e leva água...
E tome água e leva água...
Daí nasceu minha mágoa.
O pau da boca caía
Os beiços não resistia.
Me fizeram um troca-troca:
Lá vem o fundo pra boca
Lá vaio pau para o fundo.
Mas que trocado mais sem graça
Na frente de todo mundo.
E tome água e leva água...
E tome água e leva água...
Já quase toda enferrujada
Provei lavagem de porco.
Aí mexeram de novo:
Botaram o pau na bengala.
E assim desconchavada
Me dei areia, cimento
Carreguei muito concreto
Molhado, duro e friento.
Sofri de peitos abertos,
Levei baque, dei topada,
Me amassaram as beirada,
Cortaram minhas entranha,
Lá fui eu assar castanha
Fui por fim escancarada.
Servi de cocho de porco
Servi também de latada.
Se a coisa não complica
Talvez eu seja uma bica
Pela próxima invernada.
É inverno, é chuva, é água
E eu encherei outras latas
Cumprindo minha jornada
Embalando o querosene.
E na velocidade de Herodes pra Pilatos
Vai mudando de formato.
Agruras da lata d’água
É a própria lata d’água
Falando de sua vida...
E eu que fui injeitada
Só porque era furada.
Me botaram um pau na boca
Sabão grudaram nos furo
Me obrigaram a levar água
Muitas vezes pendurada
Muitas vezes num jumento
Era aquele sofrimento
As juntas enferrujadas
Fiquei com o fundo comido
Quando pensei que tivesse
Minha batalha cumprido
Um remendo me fizeram:
Tome madeira no fundo.
E tome água e leva água...
E tome água e leva água...
Daí nasceu minha mágoa.
O pau da boca caía
Os beiços não resistia.
Me fizeram um troca-troca:
Lá vem o fundo pra boca
Lá vaio pau para o fundo.
Mas que trocado mais sem graça
Na frente de todo mundo.
E tome água e leva água...
E tome água e leva água...
Já quase toda enferrujada
Provei lavagem de porco.
Aí mexeram de novo:
Botaram o pau na bengala.
E assim desconchavada
Me dei areia, cimento
Carreguei muito concreto
Molhado, duro e friento.
Sofri de peitos abertos,
Levei baque, dei topada,
Me amassaram as beirada,
Cortaram minhas entranha,
Lá fui eu assar castanha
Fui por fim escancarada.
Servi de cocho de porco
Servi também de latada.
Se a coisa não complica
Talvez eu seja uma bica
Pela próxima invernada.
É inverno, é chuva, é água
E eu encherei outras latas
Cumprindo minha jornada
JESSIER QUIRINO
---
Foto: bica de cumeeira / rezende
terça-feira, 5 de junho de 2007
ÀS VEZES COM A PESSOA A QUEM AMO
Às vezes com a pessoa a quem amo
Fico cheio de raiva
Por medo de estar só eu dando amor
Sem ser retribuído;
Agora eu penso que não pode haver amor
Sem retribuição, que a paga é certa
De uma forma ou de outra.
(Amei certa pessoa ardentemente
e meu amor não foi correspondido,
mas foi daí que tirei estes cantos.)
WALT WHITMAN ("Folhas de Relva")
Fico cheio de raiva
Por medo de estar só eu dando amor
Sem ser retribuído;
Agora eu penso que não pode haver amor
Sem retribuição, que a paga é certa
De uma forma ou de outra.
(Amei certa pessoa ardentemente
e meu amor não foi correspondido,
mas foi daí que tirei estes cantos.)
WALT WHITMAN ("Folhas de Relva")
sábado, 2 de junho de 2007
MANHÃ DE SEGUNDA
quinta-feira, 17 de maio de 2007
sábado, 12 de maio de 2007
segunda-feira, 7 de maio de 2007
ACERTO DE CONTAS
Acerto de Contas, livro de estréia de Antonio Rezende. Publicado em maio no Salão do Livro do Tocantins, está sendo lançado em várias cidades tocantinenses e em algumas capitais brasileiras. Pedidos pelo email poeme-se@hotmail.com
---
"Se existe uma palavra que possa definir o poeta Rezende, essa palavra é intensidade. Sangüíneo, anatomia louca, todo coração"
(Zeca Baleiro)
---
"O que sustenta a voz firme e hoje mais calejada de Rezende é a consciência plena da grandeza da poesia. E da grandeza do gesto de abraçá-la, para o prazer e para a dor"
(Fernando Abreu)
---
"Rezende é um poeta do coração. Quando lembro dele ou leio algum de seus poemas, é a sua imagem despojada e verdadeira, vazando ternura, que me vem à cabeça"
(Celso Borges)
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