Entre sem bater...
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terça-feira, 30 de outubro de 2007

GILSON CÉSAR

gesto
feição
ou cara

meu verso
é confissão
coisa que se escancara


Palhaço, todo alma e expressão, ele faz mímica como quem
arquiteta versos. Seus gestos são como imã que prendem o
olhar da gente. Este bar dos bardos é fã de seus poemas mudos,
que falam pela explosão do riso do respeitável público.

Poema: Rezende / Foto: Divulgação

segunda-feira, 29 de outubro de 2007


sobressalto

esse desenho abstrado

minha sombra no asfalto

PAULO LEMINSKI

poema do livro LA VIE EN CLOSE; ed. brasiliense / foto: rezende

poste aceso no
saara.

a sombra
sozinha
de uma nuvem

ilhada
no meio da água.

pra você disseram
cuidado
e o tipo de coisa
que você aprende é assim
:
desconfiar do susto. evitar o soluço do assalto.

tomar os remédios antes e perguntar
depois.

pra você disseram
como evitar
sem sair de casa a

solidão (poste aceso no saara. sombra
sozinha
de uma nuvem ilhada
no meio da água.)

e todos os seus
dias agora são assim
:
sol se pondo
sobre os créditos do filme da sessão
da tarde.

óculos escuros em todas as
fotografias do álbum,

dissimulando seus olhos ancestrais,
seus olhos mais
caninos

cravados outrora
na estrela mais nova e mais
solitários

que a morte.

REUBEN DA CUNHA ROCHA

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

LUNDI MATIN


le soleil eclaire

l'immensité
du monde

et incendie
mon coeur
vagabond

Tradução de Elisabeth Delquignie para o poema
MANHÃ DE SEGUNDA, de Antonio Rezende

Poema do livro ACERTO DE CONTAS
já publicado no bar dos bardos em 2 de junho de 2007.
Para vê-lo em português clique aqui

sábado, 6 de outubro de 2007

O PARTO

Meu corpo está completo, não o homem – o poeta.
Mas eu quero e é necessário
que me sofra e me solidifique em poeta,
que destrua desde já o supérfluo e o ilusório
e me alucine na essência de mim e das coisas,
para depois, feliz ou sofrido, mas verdadeiro,
trazer-me à tona do poema
com um grito de alarma e de alarde:
ser poeta é duro e dura
e consome toda
uma existência.

NAURO MACHADO
Poema do livro CAMPO SEM BASE

Mais sobre Nauro Machado aqui

sexta-feira, 5 de outubro de 2007


não tenho ofício

poema pra mim
é vício

FERNANDO ABREU

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

DISCRIMINAÇÃO

niggers um após o outro vários
spics além de jews cada vez mais
mobsters podiam ser menos
wasps entre tantos
white trashes em excesso inúmeros ou quase
baianos a perder de vista inclusive
cucarachas centenas deles ainda assim
japas aos montes já é demais
turcos
paraíbas
e assim por diante


CELSO BORGES

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Celso Borges tem vários livros de poemas, entre eles o livro-CD MÚSICA
Foto: no metrô / rezende