Eu, com meus próprios pés de barro Cruzava então os continentes assombrados Inclemente ao clamor dos elementos Colhia flores para os meus heróis avaros Meus iguais que dormiam sob a chuva E nas copas das árvores que eu vergava Benditos frutos entre sementes vegetando Ásperos como a voz que os embalava.
Eu, como meus próprios pés de barro Devastava as antigas tribos insulares Devorando raízes e mitos sagrados Congelando e tatuando a alma dos bravos E dos sábios em moedas de ouro roubadas Para forjar um país de amotinados. Esse sonho era minha febre, e eu soprava Como um deus exasperado sobre os vivos O sopro que a mim mesmo eu recusava.
Eu, com meus próprios pés de barro Regia esse escarcéu que me exilava Mas o que era eu nesse tempo inventado? O que impedia a queda tão esperada? Eu queria acordar no meio da tarde Ouvindo sons de risos ou de flautas Que aplacassem a lenda onde eu reinava Que revogasse a pena desses homens plantas e bichos aos meus pés Mas o barro do poema me enterrava.
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